sábado, 26 de junho de 2010

Salvemos o cerrado



Estudos da ONG ambientalista Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil) indicam que o Cerrado deverá desaparecer até 2030.



Estudos da ONG ambientalista Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil) indicam que o Cerrado deverá desaparecer até 2030. Dos 204 milhões de ha originais, 57% já foram completamente destruídos e a metade das áreas remanescentes estão bastante alteradas, podendo não mais servir à conservação da biodiversidade. A taxa anual de desmatamento no bioma é alarmante, chegando a 1,5%, ou 3 milhões de ha/ano. As principais pressões sobre o Cerrado são a expansão da fronteira agrícola, as queimadas e o crescimento não planejado das áreas urbanas. A degradação é maior em Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, no Triângulo Mineiro e no Oeste da Bahia.

O estudo, feito a partir de imagens satélites, é resultado da parceria da CI-Brasil com a ONG Oréades, que tem sede em Mineiros (GO). “O Cerrado perde 2,6 campos de futebol por minuto de sua cobertura vegetal. Essa taxa de desmatamento é dez vezes maior que a da Mata Atlântica, que é de um campo a cada 4 minutos,” explica Ricardo Machado, diretor da CI-Brasil para o Cerrado e um dos autores do estudo. “Muitos líderes e tomadores de decisão defendem, equivocadamente, o desmatamento do Cerrado só porque não é coberto por densas florestas tropicais, como a Mata Atlântica ou a Amazônia. Essa posição ignora o fato de o bioma abrigar a mais rica savana do mundo, com grande biodiversidade, e recursos hídricos valiosos para o Brasil. Nas suas chapadas estão as nascentes dos principais rios das bacias Amazônica, do Prata e do São Francisco.”

Entre os problemas provocados pelo desmatamento no Cerrado estão a degradação de rios importantes como o São Francisco e o Tocantins, e a destruição de hábitat que compromete a sobrevivência de milhares de espécies, muitas delas endêmicas, ou seja, que só ocorrem ali e em nenhum outro lugar do Planeta, como o papagaio-galego (Amazona xanthops) e a raposa-do-campo (Dusicyon vetulus). Junto com a biodiversidade estão desaparecendo ainda as possibilidades de uso sustentável de muitos recursos, como plantas medicinais e espécies frutíferas que são abundantes no Cerrado.
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Segundo a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, já foram catalogadas mais de 330 espécies de uso na medicina popular no Cerrado. A Arnica (Lychnophora ericoides), o Barbatimão (Stryphnodendron adstringens), a Sucupira (Bowdichia sp.), o Mentrasto (Ageratum conyzoide) e o Velame (Macrosiphonia velame) são alguns exemplos.

“Além de calcular a velocidade do desmatamento, o estudo da CI-Brasil também mapeou os principais remanescentes desse bioma, analisando a situação de sua cobertura vegetal”, explica Mário Barroso, gerente do programa do Cerrado da Conservação Internacional Brasil e co-autor do estudo. “Esses dados serão incorporados à nossa estratégia de conservação para o bioma, que está baseada na implementação de corredores de biodiversidade.”

Os corredores de biodiversidade evitam o isolamento das áreas protegidas, garantindo o trânsito de espécies por um mosaico de unidades ambientalmente sustentáveis - parques, reservas públicas ou privadas, terras indígenas, além de propriedades rurais que desenvolvem atividades produtivas resguardando áreas naturais. Hoje, a CI-Brasil está implementando seis corredores de biodiversidade em regiões do Cerrado: Emas-Taquari, Araguaia, Paranã, Jalapão, Uruçuí-Mirador e Espinhaço. O IBAMA, a SEMARH - Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Goiás, a Universidade de Brasília e ONGs locais estão entre os parceiros da CI-Brasil nesses corredores.]

Aquecimento global e o ''Crédito de carbono''

As seguintes situações poderão se constituir em obtenção de créditos de carbono, como por exemplo, a substituição da matriz energética de geração de eletricidade de uma empresa, à base de derivados do petróleo, por outra que utilize gás natural.


 A humanidade tem sentido na pele os resultados da intervenção danosa do homem sobre a natureza, sobretudo quanto às mudanças climáticas provocadas pela excessiva emissão e concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, gerados pelas indústrias, veículos automotivos, queimadas, dentre outras fontes, que levam ao aquecimento de nosso planeta.
Muitos especialistas têm mostrado resultados assustadores da degradação ambiental causada pela ação antrópica sobre o Planeta, o que levou vários governantes mundiais, em 11 de dezembro de 1997, na cidade japonesa de Quioto, a proporem o estabelecimento do um tratado que leva o nome da cidade. Esse protocolo decreta que os países industrializados devam reduzir, entre 2008 e 2012, as emissões de gases que provocam o efeito estufa, como o carbônico, metano, óxido de nitrogênio e clorofluorcarbono (CFC), em pelo menos 5,2% abaixo dos níveis registrados em 1990, o que equivale a cerca de 714 milhões de toneladas de gases por ano.
A redução na emissão desses gases significa, primariamente, a contenção do crescimento industrial, o que poderá levar à retração das diferentes economias dos países desenvolvidos, motivo pelo qual os Estados Unidos, maior poluidor mundial, não aderiu, até então, apesar de estarem sofrendo intensas pressões internas nesse sentido. Atualmente, 126 países são signatários deste protocolo e já vêm mostrando bons resultados em atingirem suas metas de redução .
Dentre os avanços conseguidos com o protocolo de Quioto, está o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Este instrumento propõe que os países desenvolvidos, caso não consigam ou não desejem cumprir suas metas de redução de emissão de gases, podem comprar dos demais países títulos conhecidos como créditos de carbono. Portanto, o texto do protocolo prevê a criação do primeiro mercado internacional oficial para o comércio de créditos de carbono.
Os créditos de carbono são certificados outorgados às indústrias e às empresas que comprovadamente reduzam a emissão de gases causadores do efeito estufa durante a obtenção de seus produtos.  Cada crédito de carbono pode valer de U$ 3,00 a 40,00 dólares (R$ 8,00 a 104,00 reais), mas, em média, fica entre US$ 15,00 e US$ 20,00 (R$ 39,00 a 52,00 reais).
Quem define o preço de cada crédito de carbono é a característica do projeto executado, ou seja, uma empresa que realiza reflorestamento em um local degradado por suas atividades, capta créditos mais baratos do que aqueles provenientes da instalação de um equipamento de alta tecnologia para reduzir a emissão de gases poluentes. As empresas que mais negociam esses créditos são aquelas instaladas em países desenvolvidos.
A maioria dos países que aderiu ao Protocolo de Quioto já está se preparando para se adequar a suas normas. A iniciativa mais contundente partiu da União Européia, onde um projeto que foi analisado pelo Parlamento Europeu estabeleceu limites para as emissões de gases, independente da entrada em vigor do Protocolo.
O Brasil, a exemplo de outros países, também está preparando uma legislação específica adequada ao Protocolo. Trata-se da chamada Resolução nº. 1 da Comissão Interministerial de Mudança do Clima, que vem sendo concebida com  o objetivo de enquadrar o país no MDL previsto no Protocolo. Além desta resolução, o Brasil previu uma série de programas oficiais relativos às mudanças climáticas, como é o caso do Pró-Carbono e o Pró-Ambiente, inserido em seu Plano Plurianual (PPA) que reúne os principais projetos de longo prazo do país.
Nosso país é responsável por uma parcela mínima da poluição mundial e não tem metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, segundo o Protocolo de Quioto, portanto, o MDL é uma excelente oportunidade para reduzir ainda mais nossos níveis de emissões e, além disso, poder captar recursos com a negociação de créditos de carbono com países desenvolvidos estimulando, assim, o desenvolvimento local. Somado a isso, insere, de maneira concreta, o Brasil no contexto da proteção ao meio ambiente.
Algumas das seguintes situações poderão se constituir em obtenção de créditos de carbono, como por exemplo, a substituição da matriz energética de geração de eletricidade de uma empresa, à base de derivados do petróleo, por outra que utilize gás natural; o aproveitamento do gás metano produzidos em aterros sanitários na geração de eletricidade; e até mesmo o reflorestamento de áreas degradadas, uma vez que se considera que a vegetação, no processo fotossintético, absorve gás carbônico da atmosfera, portanto reduzindo sua concentração na na mesma.
Um exemplo prático da inserção do Brasil no mercado de carbono se deu com o projeto desenvolvido pela siderúrgica Mannesmann, sediada na Bahia. Trata-se de uma operação com o International Financial Corporation (braço privado do Banco Mundial) em nome do governo da Holanda, que negociou cerca de cinco milhões de toneladas de carbono equivalente a um preço aproximado de três euros a tonelada. Depois disso, uma outra quantidade menor, cerca de quatro milhões de toneladas de carbono, foi comercializada para a Toyota Tsusho Coporation.
A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em seis de dezembro de 2004, lançou o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), primeiro mercado a ser implantado em um país em desenvolvimento, que irá negociar ativos que venham a ser gerados por projetos que promovam a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa em nosso país.
Até agora tudo parece estar em pleno acordo com as regras do capitalismo, porém há muitas perguntas sem respostas. Quem são os donos, os avalistas e os auditores dos créditos de carbono? Quem será beneficiado pelos créditos? Esse modelo irá beneficiar o meio ambiente e as camadas mais pobres da população ou os empresários e donos do poder político e econômico dos países mais ricos?
É importante deixar claro que o Protocolo de Quioto parece ser mais um acordo de cavalheiros do que um documento contratual com regras rígidas e impositivas. Nele não é prevista nenhuma penalidade aos países, que por ventura, venham a descumprir o referido acordo.

A insustentável defesa do verde

Desde a Conferência sobre Hábitat Humano, realizado em Estocolmo em 1972, antecessora imediata da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que a humanidade debate a condição de habitação na terra, ressalta-se em todos os encontros, já realizados sobre o tema, a dicotomia entre desenvolvimento econômico versus preservação. Reconhecem todos que a biosfera está dando sinais de exaustão e, que se permanecermos inertes, caminhamos céleres para um desastre ambiental que porá em risco a própria existência de vida na terra.

Reconhecer a necessidade de ação não é o mesmo que agir. O primeiro é conceitual, estático, intelectual, enquanto o segundo é factual, dinâmico e operacional. Mas então porque, se todos concordam com a necessidade de agir, não o fazem? O que falta para a humanidade passar da fase conceitual para a factual?

Nós aprendemos ainda nos bancos escolares que para resolver um problema, primeiro temos que equacioná-lo bem; uma equação mal feita pode dar qualquer resultado, menos o correto. O que está errado na equação do problema desenvolvimento econômico versus meio ambiente, é a não consideração de que os dois lados da equação são primariamente conflitantes. Ou seja, a preservação ambiental é, sim, uma restrição à eficiência econômica do sistema, quer queiram ou não os ambientalistas mais radicais.

É da natureza do sistema de produção capitalista procurar maximizar a produção e conseqüentemente o lucro; e isso envolve a exploração máxima dos bens naturais. Já a preservação ambiental, além de representar uma restrição a essa eficiência, provoca aumento dos custos de produção, passando a preservação a ser um problema econômico.

Ora, vivemos num ambiente de economia global, onde cada país procura aumentar sua produção, com vistas a melhor atender as necessidades de seus habitantes ao tempo em que concorrem entre si na busca da conquista de maior posição entre as nações.

A produção de alimentos reveste-se de uma característica especial: seu cultivo se dá na terra e, com a população mundial aumentando, aumenta a necessidade de comida e, por conseguinte, mais áreas são incorporadas no sistema de produção, além, é claro, de tecnologias apropriadas. Daí que a concorrência entre a necessidade de mais áreas para plantar e a necessidade de sua preservação, tornam essas áreas um bem econômico de alto valor de mercado e como tal deve ser tratado.

Qualquer madeireiro sabe quantos metros cúbicos de madeira podem ser extraídos. Da mesma forma, um produtor sabe quantas sacas de soja, ou quantas sacas de milho, ou quantos quilos de carne podem ser produzidos num hectare. Logo, é fácil de calcular qual o valor de mercado de um hectare de terra em produção. Mas, quanto vale um hectare de mata preservada? Existem centenas de estudos que atribuem valor à mata preservada, mas valor ambiental, não valor econômico.

A essência da solução do problema é responder às seguintes perguntas: quem vai pagar o preço da preservação? quanto vai pagar? quem vai receber? Não adianta jogar a fatura para: “ao Deus dará”. É um problema de mercado e como tal, repito, deve ser tratado.

Se o problema não for encaminhado dessa maneira, em termos econômicos, teremos mais e mais reuniões, e todas frustrantes tais qual a COP-15, de Copenhagen.

Enquanto isso caminhamos céleres para o nosso fim. 

Demanda por profissionais ''verdes'' se manterá em alta no futuro

Hoje em dia muito se fala em meio ambiente e em encontrar um meio de ajudar o mundo em relação à essa temática. O assunto é tão sério que a cada ano novas carreiras e profissionais "verdes" surgem. E, de acordo com especialistas, esse cenário não é passageiro. Ao menos no Brasil, o futuro de profissões ligadas ao meio ambiente é promissor. Mas para quem for qualificado.

Para o professor de Gestão de Pessoas do Insper, Marcus Sousa, profissões "verdes" surgem no mercado de trabalho hoje e surgirão no futuro. “Países em desenvolvimento têm e terão cada vez mais demanda por esse tipo de profissional”, afirma. “O Brasil é um País hídrico e que tem muitos problemas ambientais para serem resolvidos”, ressalta.

Profissões do futuro

No cenário atual, Vilela acredita que perfis ligados à gestão e engenharia ambiental são os que têm maior demanda. “Hoje, o setor industrial requer mais o engenheiro ambiental, porque ele está ligado a processos produtivos”, diz. No setor de serviços, o gestor é mais requisitado, principalmente na área financeira, que procura atrelar o conceito de sustentabilidade em suas ações.

Já Sousa, do Insper, enxerga algumas profissões que devem ser promissoras daqui há alguns anos. Além das mais conhecidas hoje, ele acredita que o mercado pode começar a ficar de olho em algumas mais específicas, como Avaliador de Créditos de Carbono, Gestor de Empresas do Terceiro Setor e Gestor de Manejo Ambiental (incluindo as especificações em Manejo Florestal, Hídrico e Geológico).
“No caso do geológico, que lida com os impactos que as minas trazem ao ambiente, a demanda hoje já é grande”, afirma. Sousa ainda acredita que a busca por tecnologias para reaproveitamento de água também eleva a procura por profissionais especializados nesse tema.

Entre as profissões "verdes" do futuro listadas por Sousa, estão incluídas Arqueologia Submarina e Tecnologia em Baterias e Células Combustíveis Automobilísticas. “No desenvolvimento de carros elétricos, é preciso células pequenas e duráveis. Esses profissionais atuam no desenvolvimento dessa tecnologia”, explica o professor.

Ameaças ao código florestal

Código Florestal
Na Semana do Meio Ambiente, Greenpeace alerta sobre as florestas brasileiras

Se o futebol é o assunto da vez, o Greenpeace não deixou por menos: vai promover, no sábado, Dia Mundial do Meio Ambiente, uma ‘pelada’ entre os times Bancada da Motosserra Futebol Clube e o Florestas Futebol Clube. As pelejas, com voluntários da ONG, serão em Recife, Manaus, Brasília e no Rio de Janeiro. Claro que a torcida é toda para as florestas.
Os jogos acontecem nos seguintes locais: em Brasília, das 15h às 19h, em frente ao Museu Nacional, na Esplanada dos Ministérios; no Rio de Janeiro, no posto 4 da Praia de Copacabana, das 16h às 19h; no Recife, no Clube de Campo dos Bancários, quilômetro 14,5 da Estrada da Aldeia, à partir das 10h; e em Manaus, no Parque dos Bilhares, das 16h às 20h.


Em outras capitais – São Paulo, Brasília (de novo), Porto Alegre e Belo Horizonte – também serão realizadas a exposição “Floresta Ameaçada”, que mostra como a bancada ruralista está ameaçando o Código Florestal (conjunto de Leis que protege as nossas florestas).


Os visitantes serão convidados a votarem ‘sim’ pela proteção das matas e ao mesmo tempo dar um cartão vermelho para a bancada ruralista (que tem movido mundos e fundos para mudar o código, que protege a natureza brasileira desde 1934).


Infelizmente, a exemplo da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, a população brasileira não foi chamada para o debate sobre o assunto. Em resumo: segundo o Greenpeace, “o destino de nossas florestas está sendo decidido por meia dúzia de deputados, em pleno ano eleitoral”. E não dá para ser assim.
Vamos aos números: em cinco séculos, 93% da Mata Atlântica foi derrubada, e nem por isso o Brasil deixou o bloco dos subdesenvolvidos. Em quatro décadas, 17% da Amazônia veio abaixo, mas nacionalmente a região continua com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).


"O Brasil já derrubou muita floresta. Não é mais concebível mudar o Código Florestal para aumentar desmatamento, principalmente neste momento em que vivemos uma preocupante crise climática. Qualquer debate sobre a nossa lei florestal deve ser feito com seriedade, por toda a sociedade, e fora de um ano eleitoral.", afirma Rafael Cruz, do Greenpeace.


Só para esclarecer, dentre as mudanças que a bancada ruralista quer efetivar, estão a anistia a quem cometeu crimes ambientais nas últimas cinco décadas, a redução da obrigatoriedade de cada fazenda ter uma reserva legal (área coberta com mata nativa) e o aumento do limite de desmatamento em áreas de preservação permanente (APPs).



Fonte: Greepeace